Monday, September 14, 2015

Restrição as pesquisas eleitorais

Está tramitando no senado/câmara um projeto de lei que que restringe a contratação de institutos de pesquisa por órgãos de imprensa retira o direito do eleitor de ter informação sobre a disputa eleitoral. Pela proposta, a imprensa fica proibida de contratar institutos de pesquisa que tenham trabalhado para partidos políticos, candidatos ou órgãos públicos no período de um ano antes das eleições. Veja a reportagem da Folha sobre o assunto aqui.

Acho que essa "potencial" lei não ajuda a resolver o problema. Pelo que vi nas eleições de 2014, poucos institutos registram quem "de fato" financiou a pesquisa. Além disso, uma pesquisa não precisa ser contratada por órgãos de imprensa para poder ser divulgada na mídia. Ou seja, essa lei não ajudará a melhorar a qualidade das pesquisas, e punirá institutos que tentam respeitar a lei.

Sobre a questão da qualidade das pesquisas, é difícil dizer como deve ser feito aqui no Brasil. Nos EUA não existe necessidade de registrar a pesquisa com algum orgão oficial. O mercado parece se auto-regular. Existem sites agregadores de pesquisa, como o 538, que têm rankings das empresas, e aquelas que têm um histórico muito ruim são banidas do site (veja aqui).

Existem programas como o “Transparency Initiative”, e empresas que se filiam ao programa comprometem-se a (em inglês):

 “Organizations pledge to abide by AAPOR’s disclosure standards, train their employees by viewing our short, simple educational modules, and document the required understanding for proper disclosure of the surveys they conduct.”

Essas empresas têm o nome divulgado na rede da AAPOR, e é de interesse dos próprios funcionários pressionarem para que sua empresa faça parte da iniciativa (veja aqui).

Também discute-se muito a metodologia em si, que está sempre evoluindo, acompanhando as novas tecnologias – telefônicas, cadastro duplo fixo+celular, online. No Brasil, fazemos pesquisas essencialmente da mesma forma a 35 anos.

Por outro lado, nesse ano serão as eleições presidenciais argentinas, as quais o PollingData está acompanhando. Tenho tido muita dificuldade pra conseguir informações básicas sobre as pesquisas divulgadas na mídia. Muitas vezes não consigo descobrir nem data de realização da pesquisa nem o tamanho da amostra, pior ainda se estou procurando detalhes metodológicos (em breve farei um post sobre essas dificuldades). Desse ponto de vista, acho que o registro obrigatório das pesquisas e a regulamentação sobre como devem ser divulgadas ajudam, mas não acredito que sejam suficientes para estimular a melhoria contínua da qualidade das pesquisas.

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