Thursday, October 8, 2015

Pesquisas eleitorais e as eleições presidenciais Argentinas de 2015

Em julho desse ano, o PollingData começou a acompanhar as eleições presidenciais Argentinas de 2015. Além da dificuldade com o idioma, existem diversos fatores metodológicos que se mostraram um desafio para acompanhar essas eleições. Nesse post, vou falar sobre esses desafios.

Em primeiro lugar, as eleições Argentinas tem algumas diferenças importantes se comparado ao Brasil. Lá existem eleições primárias, e essas são obrigatórias. Por um lado, as primárias fazem com que os eleitores fiquem mais familiarizados com os candidatos muito cedo no ciclo eleitoral. Por outro lado, acredito que o gasto público com as eleições deve ser enorme, visto que na Argentina também existem primeiro e segundo turnos obrigatórios.

Outra diferença interessante nos dois processos eleitorais é que, na Argentina, existem dois cenários nos quais um candidato pode ganhar as eleições presidenciais no primeiro turno. São eles:  1) se um candidato tiver mais de 45% dos votos válidos e 2) Se o candidato com mais votos tiver pelo menos 40% dos votos válidos e pelo menos 10% de votos a mais que o segundo colocado. Calcular essas probabilidades de vitória foi um desafio interessante.

As outras dificuldades encontradas estão relacionadas a aspectos metodológicos das pesquisas e também a falta de informação. Por exemplo, no site apenas calculamos as probabilidades dos candidatos irem para o segundo turno ou ganharem no primeiro turno. Não conseguimos calcular a probabilidade de vitória (não condicional), pois não parecem existir pesquisas fazendo simulações sobre o segundo turno.

Mas sem sombra de dúvida, a maior dificuldade têm sido encontrar informações mais detalhadas sobre as pesquisas eleitorais. Encontrar pesquisas publicadas já se mostrou um desafio. Tenho recorrido, essencialmente, a três fontes de informação: wikipedia, riojapolitica e ae. Mas mesmo quando encontro quando encontro pesquisas novas, tenho muito dificuldade de descobrir informações básicas sobre a pesquisa, como data de coleta dos dados ou até tamanho da amostra. Como referência, em 43% das pesquisas utilizadas pelo PollingData o tamanho da amostra não é conhecido. Também é muito difícil saber se os resultados das pesquisas se referem a votos válidos ou totais. E essa informação é especialmente importante para calcular as probabilidades de vitória dos candidatos. 

Para muitos, o Brasil já é considerado um país com pouca informação disponível sobre as eleições (poucas pesquisas + poucos institutos + pouco informação metodológica), o que o torna um país onde é difícil prever o resultado das eleições. Essa dificuldade pode ser ainda maior na Argentina, onde existem ainda menos pesquisas e informações metodológicas sobre as mesmas.  Por outro lado, muito mais institutos de pesquisas publicando resultados de pesquisas no nível nacional (22 até o momento). Esse é um fator relevante pois permite que os vieses metodológicos dos institutos sejam estimados com maior precisão (supondo que não são todos na mesma direção – publicarei um post sobre esse tema num futuro próximo).


Agora resta esperar o primeiro turno das eleições para ver a performance das pesquisas e do PollingData na previsão dos resultados.

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