Em julho desse ano, o PollingData começou a acompanhar as
eleições presidenciais Argentinas de 2015. Além da dificuldade com o idioma,
existem diversos fatores metodológicos que se mostraram um desafio para
acompanhar essas eleições. Nesse post, vou falar sobre esses desafios.
Em primeiro lugar, as eleições
Argentinas tem algumas diferenças importantes se comparado ao Brasil. Lá
existem eleições primárias, e essas são obrigatórias. Por um lado, as
primárias fazem com que os eleitores fiquem mais familiarizados com os candidatos
muito cedo no ciclo eleitoral. Por outro lado, acredito que o gasto público com
as eleições deve ser enorme, visto que na Argentina também existem primeiro e
segundo turnos obrigatórios.
Outra diferença interessante nos
dois processos eleitorais é que, na Argentina, existem dois cenários nos quais
um candidato pode ganhar as eleições presidenciais no primeiro turno. São eles:
1) se um candidato tiver mais de 45% dos
votos válidos e 2) Se o candidato com mais votos tiver pelo menos 40% dos votos
válidos e pelo menos 10% de votos a mais que o segundo colocado. Calcular essas
probabilidades de vitória foi um desafio interessante.
As outras dificuldades
encontradas estão relacionadas a aspectos metodológicos das pesquisas e também
a falta de informação. Por exemplo, no site apenas calculamos as probabilidades
dos candidatos irem para o segundo turno ou ganharem no primeiro turno. Não
conseguimos calcular a probabilidade de vitória (não condicional), pois não parecem existir
pesquisas fazendo simulações sobre o segundo turno.
Mas sem sombra de dúvida, a maior
dificuldade têm sido encontrar informações mais detalhadas sobre as pesquisas
eleitorais. Encontrar pesquisas publicadas já se mostrou um desafio. Tenho recorrido,
essencialmente, a três fontes de informação: wikipedia,
riojapolitica
e ae.
Mas mesmo quando encontro quando encontro pesquisas novas, tenho muito
dificuldade de descobrir informações básicas sobre a pesquisa, como data de
coleta dos dados ou até tamanho da amostra. Como referência, em 43% das
pesquisas utilizadas pelo PollingData
o tamanho da amostra não é conhecido. Também é muito difícil saber se
os resultados das pesquisas se referem a votos válidos ou totais. E essa
informação é especialmente importante para calcular as probabilidades de
vitória dos candidatos.
Para muitos, o Brasil já é
considerado um país com pouca informação disponível sobre as eleições (poucas
pesquisas + poucos institutos + pouco informação metodológica), o que o torna
um país onde é difícil prever o resultado das eleições. Essa dificuldade pode
ser ainda maior na Argentina, onde existem ainda menos pesquisas e informações
metodológicas sobre as mesmas. Por outro
lado, muito mais institutos de pesquisas publicando resultados de pesquisas no
nível nacional (22 até o momento). Esse é um fator relevante pois permite que
os vieses metodológicos dos institutos sejam estimados com maior precisão (supondo
que não são todos na mesma direção – publicarei um post sobre esse tema num
futuro próximo).
Agora resta esperar o primeiro
turno das eleições para ver a performance das pesquisas e do PollingData na previsão dos resultados.
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